No link abaixo é possível ver toda a produção cientifica realizada, em artigos nacionais e internacionais, livros e apresentações em congressos médicos. Aqui são destacados alguns poucos textos de pesquisas realizadas ou coordenadas e orientadas pela Dra. Vanessa, com resenhas, para mostrar a linha de raciocínio construída.
Steiner ABQ, Jacinto AF, Mayoral VFS, Brucki SMD, Citero VA. Mild cognitive impairment and progression to dementia of Alzheimer’s disease. Revista da Associação Medica Brasileira, v. 63, p. 651-655, 2017.
Trata-se de um estudo de revisão narrativa que contribui para o médico generalista entender a importância de identificar e manejar os quadros de demência precocemente na população idosa, no Brasil. Demências são condições clínicas que sobrecarregam o sistema de saúde com alto custo e o manejo de pacientes em fases pré-clínicas ajuda o paciente e sua família a lidar com o problema e diminui tais custos. Dessa forma, a identificação de pessoas com prejuízo cognitivo leve é fator importante para mapear preventivamente o problema das demências.
Borges MK, Jacinto AF, Citero VA. Cross-cultural adaptation of the “Australian National University Alzheimer’s Disease Risk Index” for the Brazilian population. Dementia & Neuropsychologia, v. 11, p. 162-175, 2017.
A doença de Alzheimer (DA) tem sido um grande problema de saúde pública, portanto é crucial que fatores de risco modificáveis possam ser conhecidos antes da instalação da demência na fase final da vida. O “Australian National University – Índice de Risco da Doença de Alzheimer” (ANU-ADRI) é uma das ferramentas potenciais para a prevenção primária da doença e foi traduzido e adaptado para uso na população brasileira, possibilitando seu uso na clínica. O instrumento permite avaliar se a pessoa tem fatores de risco modificáveis para a demência (ter diabetes, ter pressão alta e dislipidemia, idade mais avançada, ser fumante, etc) e também fatores protetivos (realiza atividades cognitivas, físicas e de lazer e se estimula socialmente; faz alimentação rica em ácidos graxos e ômega 3, e consumo alcoólico moderado).
Honorato NP, Abumusse LVM, Coqueiro DP, Citero VA. Personality traits, anger and psychiatric symptoms related to quality of life in patients with newly diagnosed digestive system cancer. Arquivos de Gastroenterologia, v. 54, p. 156-162, 2017.
Com o intuito de entendermos a qualidade de vida (QV) de uma pessoa recém diagnosticada com câncer no aparelho digestivo, realizou-se um estudo com 50 pacientes adultos em tratamento ambulatorial, diagnosticados há menos de seis meses. Buscou-se as características de personalidade dos pacientes, para identificar quais delas ajudam ou não ajudam o paciente a lidar com a situação que está vivendo. Pacientes que se mostraram ter dependência de gratificação e que mostram tendencia a se esquivarem dos problemas e não enfrentá-los apresentaram menor QV relacionada ao meio ambiente (por exemplo, maior dificuldade em buscar transporte e recursos financeiros de acesso ao tratamento) e prejuízo da capacidade adaptativa de lidar com as mudanças diárias, impostas pela doença. O bem-estar psicológico e as necessidades adaptativas ao meio-ambiente que favorecem uma maior QV foram reforçados principalmente pelo “caráter de autodirecionamento”. Compreender estes traços de personalidade foi importante para que os profissionais de saúde possam conduzir o paciente por um tratamento de maior sucesso.
Citero VA, Nogueira-Martins LA, Lourenço MT, Andreoli SB Clinical and demographic profile of cancer patients in a consultation-liaison psychiatry service. São Paulo Medical Journal (Impresso), Brasil, v. 121, n.3, p. 111-116, 2003.
Mais de 50% dos pacientes com câncer, que são internados, podem apresentar quadros psiquiátricos. Com o objetivo de atender esta demanda, foi desenvolvido um serviço de Interconsulta Psiquiátrica no Hospital do Câncer AC Camargo, em 1997, e aqui está apresentado o que foi identificado após o primeiro ano de funcionamento. Dos 319 pacientes internados com doença oncológica e encaminhados para avaliação pelo psiquiatra, identificamos 59% deles com transtorno psiquiátrico; 43% destes necessitaram de medicação psicotrópica, 18% de psicoterapia, 22% de intervenção para a família do paciente e 21% de orientação específica de saúde mental para a equipe de saúde. Quase 23% das solicitações foram para reavaliações, sendo a maioria delas para pacientes do sexo masculino, mais jovens e de pior prognóstico. As reavaliações se caracterizaram por atendimentos mais prolongados, por intervenção mais complexa e por maior prevalência de transtorno depressivo. Os pacientes reavaliados constituíram um grupo prioritário na demanda do serviço, necessitando de especial atenção no desenvolvimento de intervenções psiquiátricas.
Citero VA, Levenson JL, McClish DK, Bovbjerg VE, Cole PL, Dahman BA, Penberthy LT, Aisiku IP, Roberts JD, Roseff SD, Smith WR. The role of catastrophizing in sickle cell disease The PiSCES project. Pain (Amsterdam. Print), v. 133, p. 39-46, 2007.
Este artigo se refere especificamente ao estudo do pensamento catastrófico como estratégia de enfrentamento da dor por quem tem doença falciforme (doença do sangue, genética, que evolui ao longo da vida com isquemias em várias partes do corpo causando dores agudas e crônicas). O pensamento catastrófico é uma forma mal adaptativa de lidar com a dor, mas muito comum em quem tem dor crônica. Significa que a pessoa lida com a dor aumentando os sintomas, ruminando a sensação de dor e tendo desesperança em conviver com ela. O estudo, desenvolvido em população americana, mostrou que o uso do pensamento catastrófico é maior entre os pacientes com doença falciforme do que entre pessoas que tem dores crônicas por outras doenças que não ameaçam a vida ou tornam a pessoa incapacitada.
Mastandréa EB, Luchesi F, Kitayama MMG, Figueiredo MS, Citero VA. The relationship between genotype, psychiatric symptoms and quality of life in adult patients with sickle cell disease in São Paulo, Brazil: a cross-sectional study. São Paulo Medical Journal, v. 133, p. 421-427, 2015.
Um estudo semelhante ao descrito acima foi desenvolvido com a população brasileira entre pacientes com doença falciforme. Neste estudo aqui apresentado, mostramos a relação entre a qualidade de vida destes pacientes com o genótipo da doença e a presença de sintomas psiquiátricos. Identificamos que 30% dos pacientes tinham sintomas psiquiátricos, sendo a maioria com problemas de ansiedade ou de abuso de álcool. Os pacientes com o tipo genético associado ao perfil mais grave da doença falciforme tinham menor QV geral e dos aspectos físicos, mesmo sem a influencia dos sintomas psiquiátricos. Por outro lado, vimos que a QV relacionada à saúde mental não sofria influência da gravidade genética da doença, mostrando a necessidade de investirmos no cuidado de todos.
Parro-Pires DB, Nogueira-Martins LA, Citero VA. Interns’ depressive symptoms evolution and training aspects: a prospective cohort study. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 64, p. 806-813, 2018.
Sabendo que a residência médica é um período de formação muito rica e insubstituível na vida do médico recém formado, e sabendo que além do grande conhecimento e experiencia profissional a residência traz também um grau importante de sofrimento emocional, neste estudo avaliamos a presença de sintomas depressivos no residente assim que ele entra na residência, e reavaliamos no final do primeiro ano de formação. Nenhum dos 111 médicos residentes tinham sintomas depressivos na primeira semana de residência, mas 9% deles tinham sintomas expressivos no 8º mês da formação. Quanto mais sintomas o residente tinha, menor era a satisfação dele com o treinamento recebido, e com seu tempo de lazer, hábitos de saúde, e o próprio desempenho, além de ser maior o estresse presente nos relacionamentos com colegas.
No entanto a relação com professores não era mais estressante, assim como também não havia sintomas depressivos motivados pelo manejo de pacientes mais críticos. Entendemos que os residentes no primeiro ano são afetados mais pelas relações com os próprios colegas do que com a tarefa, mostrando que a competição profissional entre eles pode ser um fator deflagrador do sofrimento emocional.
Camargo ALLS, Mari JJ, Reis EAA, Citero VA. Benefits of using the Psychiatric Risk Assessment Checklist (PRE-CL) to assess risk in general hospital inpatients. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 41, p. 90-91, 2019.
Mais de 60% dos pacientes internados em hospitais gerais apresentam alguma alteração comportamental, seja como transtorno ou apenas como sintomas. Em um estudo prévio, o grupo de pesquisa desenvolveu um instrumento de fácil aplicação para que a enfermagem constantemente avaliar se o paciente apresenta alguma alteração que justifica solicitar a psiquiatria para orientar ações sobre o paciente. O presente estudo mostra os benefícios gerados no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, ao usar este instrumento. Das mais de 2.800 notificações geradas pela enfermagem para a psiquiatria, apenas 10% dos pacientes precisavam ser diretamente avaliados pelo psiquiatra, mas em 96% das notificações a orientação sobre o manejo comportamental do caso era imprescindível.
Através da discussão de casos, o psiquiatra era capaz de acuradamente entender o problema que entravava cuidado e orientar a equipe no manejo, facilitando o atendimento de todos, e trazendo segurança no cuidado diário para a enfermagem.
Citero VA, Andreoli PBA, Nogueira-Martins LA, Andreoli SB. New potential clinical indicators of consultation-liaison psychiatry effectiveness at Brazilian general hospitals. Psychosomatics, v. 49, p. 29-38, 2008.
A partir da pergunta sobre o que de fato o psiquiatra faz no hospital geral, o quanto ele ajuda ou não o paciente, a equipe e até a família deste paciente, investigamos possíveis indicadores de que o atendimento psiquiátrico é efetivo. Buscamos, principalmente, quantificar os aspectos subjetivos que nos atendimentos aparecem, e o estudo nos mostrou que o bem-estar subjetivo dos pacientes, a satisfação do familiar com os cuidados durante a internação de seu parente, e o nível de dificuldade em ajudar um paciente pela equipe de saúde (médico e enfermeiro) são os itens mais importantes que aparecem. O estudo realizado no Hospital Universitário da UNIFESP (Hospital São Paulo) mostrou que estes três fatores aparecem nos atendimentos e dificultam as relações, consequentemente o manejo do paciente na internação, e o psiquiatra tem uma ação importante para destravar os problemas gerados.